O meu novo eu, a Fernanda mãe...
Vivo me perguntando, será que é assim pra toda mulher que se torna mãe?! Ou será que só eu que estou sentindo tudo isso? Porque eu ainda estou em choque com a grandiosidade de gerar um novo ser. Ainda estou impressionada com a força da natureza se mostrando tão concreta. Ainda estou deslumbrada com a oportunidade de ver de perto um ser humano chegando ao mundo. Ainda estou admirada com a chance de ver de perto um ser humano se desenvolvendo do zero. Ainda estou me adaptando à essa mudança gigantesca na minha vida. E ainda estou descobrindo esse novo eu, a Fernanda mãe..
Eu sinto que ser mãe tem sido o meu trabalho mais importante, o mais difícil e desafiador, mas também o mais grandioso e gratificante de todos. Sempre tento me lembrar de que todas as mães aprenderam a ser mães, sendo! Só aprendemos a ser mãe com a chegada dos nossos filhos, antes disso não tem como saber de fato o que é ser mãe. Não tem ensaio, não tem treino pra ser mãe. Não importa o quanto bem sucedidas e competentes somos nas nossas carreiras, se temos mestrado ou doutorado em algo, se somos CEO de uma multinacional, se chegamos no topo em algo que fazemos. Quando nossos filhos chegam, descobrimos o maior amor do mundo, e junto desse amor também precisamos descobrir do zero como é cuidar de um novo ser que depende 100% da gente!
Estamos todas no mesmo barco. É igual para todas nós, não importa as nossas diferenças, se o parto foi normal ou cesárea, se amamentamos ou não, se temos babá ou não, se voltamos a trabalhar em seguida ou não. O fato é que todas nós mães, temos que nos recuperar de um parto, todas nós passamos por uma revolução hormonal no pós parto, todas nós temos que nos adaptar à uma nova vida com os nossos bebês nos braços, temos milhares de dúvidas e incertezas. E é somente cuidando dos nossos bebês, dia após dia, que vamos encontrando respostas, é somente errando e acertando com nossos filhos que pouco a pouco, aprendemos o que é ser mãe.
É uma adaptação de vida gigantesca. Essa adaptação pode ser mais fácil para algumas mães do que para outras, mas não há dúvida de que todas as mães nesse momento precisam de muito apoio e compreensão.
No momento mais difícil dessa adaptação, o que mais me ajudou foi saber que eu não estava sozinha. Foi saber que é difícil para outras mães também, cada uma com a sua história, cada uma com o seu dilema, mas todas nós de uma maneira ou de outra, vivemos esse mesmo momento em que estamos nos descobrindo mãe. É claro que o apoio do meu marido e dos meus pais foi e ainda é super importante, mas o que mais me trouxe conforto em alguns momentos difíceis foi encontrar outras mães que estavam vivendo o mesmo momento que eu, passando pelos mesmos desafios e descobertas que eu.
O encontro de mães me fez e ainda me faz muito bem. Já na gravidez frequentei um grupo de Yoga para gestantes em prol do parto natural, e logo após o parto, as mães retornavam ao grupo com seus bebezinhos no colo e dividiam seus relatos de parto para as outras grávidas. Foi maravilhoso ver aquele grupo de barrigas reunidas e de uma semana para outra, uma barriga desaparecia e uma mãe voltava com seu recém nascido nos braços, para dividir a história do seu parto com a gente. Aprendi tanto com aquela troca, todas aquelas histórias de parto me prepararam muito para o meu parto. E mesmo não sendo fácil sair de casa no pós parto, com um bebezinho tão pequeno no colo, eu fiz questão de voltar lá com o Lucca. Fui para dividir a minha história com elas, pensando que o meu relato poderia talvez ajudar outras mães, assim como eu fui ajudada.
Em seguida, no começo da amamentação, quando algumas dificuldades pareciam insuperáveis, comecei a frequentar um círculo de amamentação e lá vi de perto mães com problemas muito maiores que o meu, fazendo de tudo para amamentar seus bebês. Além de toda a orientação que recebi nesse grupo das consultoras de amamentação, essas mães me motivaram e me inspiraram a superar as dificuldades e seguir em frente com a amamentação.
Esses dois grupos me ajudaram tanto que resolvi fazer parte do maior grupo de apoio aos pais da cidade, o “PEP, Post Partum Education for Parents”, “Educação pós parto para pais”. Esse grupo foi criado anos atrás, por mães voluntárias para dar apoio e suporte para mães e pais nessa transição após a chegada de um filho. Esse grupo faz um trabalho de apoio incrível, eles têm uma linha telefônica 24hs para dar suporte emocional para os pais e a cada mês, novos grupos de mães é formado com a chegada de novos bebês. Faço parte com o Lucca do grupo de Junho/Julho 2015 e somos várias mães e bebês que nos encontramos desde o nascimento de nossos bebês.
Nos encontramos semanalmente até hoje e o nosso grupo é formado de mães que amamentam, mães que não amamentam, mães que já voltaram ao trabalho e precisam deixar seus bebês em creches ou com babás, mães que pararam tudo para cuidar de seus bebês, mães que tem a ajuda do marido, mães que não tem um marido por perto, mães com escolhas e histórias completamente diferentes, mas todas vivendo o mesmo momento.
Esse encontro me faz muito bem. Vejo de perto a cada encontro que as dores e as delícias existem para todas as mães, independente das nossas diferenças e escolhas. E compartilhar essas dores e delícias só nos faz bem, por isso resolvi criar esse espaço onde quero dividir um pouco desse aprendizado que tem sido o maior da minha vida.
Espero aqui poder descobrir novas histórias de outras mães, que assim como eu só tem uma certeza, a de querer estar perto dos nossos filhos e dar sempre o nosso melhor para eles.