Mães que me Inspiram

Este será o primeiro, de muitos textos, escrito por mães que me inspiram, que quero compartilhar por aqui.

Mães que já são mães há mais tempo que eu, mães que já são avós, mães que acabaram de ser mães. Enfim, mães que me inspiram e me ensinam.

O texto de hoje foi escrito pela Mayra Hassano, ela é mãe de 3 preciosidades e é diretora de criação do canal Fox Brasil.

Eu encontrei a Mayra no meu primeiro trabalho após o nascimento do Lucca. Num projeto super bacana, que reúne pais e mães para um bate papo sobre maternidade e paternidade, o programa se chama "Na hora da troca" e serão 6 episódios que vão ao ar a partir de Maio na Fox Brasil. Eu amei fazer!!!

Eu e a Mayra, já nos reconhecemos logo de cara, pelo simples fato de sermos mães, conversamos um monte sobre os nossos filhos e as nossas aventuras de mães.

Tenho adorado como a maternidade tem me trazido tantas novas e boas amizades! 

Muito Obrigada por dividir a sua história com a gente Mayra! 


MÃE DE GÊMEAS

Olá a todos, 

Primeiro, gostaria de agradecer à mãe Fer do pequeno Lucca que, muito gentilmente, me deu este espaço pra contar parte da minha história de mãe. E, também, já pedir desculpas ao meu filho Romeu. Você sempre será o meu menino, meu divisor de águas. Mas, desta vez, falarei sobre suas irmãzinhas que, na verdade, tem tudo a ver com você também... 

A segunda gravidez costuma vir com menos atropelos, menos ansiedade. Afinal, já sei trocar fraldas, sei dar banho em bebê molinho, sei a diferença entre cólica e refluxo, sei que vou dormir bem pouco,  sei como sai o leite do peito (parece óbvio, só que não), sei que toda fase é uma fase. Sei e sabia disso tudo. Devorei, na primeira vez, a “Encantadora de Bebês”, o “Nana Nenê” e os sábios ensinamentos das pessoas mais próximas a nós. Sabia da ordem do EASY, uma dica preciosa pro início. Traduzindo pro português, seria mais ou menos assim: primeiro você alimenta o bebê (“E” – eat); depois, faz uma atividade com ele (“A”) - podem ser breves 15 minutos; só aí que você o coloca pra dormir (“S” – sleep); o “Y” é algo que só em sonho é possível realizar, ao menos para a maioria das mortais – “Y” de You, VOCÊ, é dedicar-se, o mínimo que seja, a você mesma, não ao bebê. 

Bom, sabia disso tudo, na teoria e na prática. 

Quando fomos eu e meu marido ao laboratório fazer o primeiro ultrassom, o médico que nos atendeu era daqueles bem engraçadinhos que sempre tem uma piada pra sacar do bolso. Dr. Javier. O primeiro comentário dele foi que o meu marido mandou bem, que ele tinha aprontado e tal. Meio esquisito isso, não é a coisa mais natural do mundo fazer filho? Sei que pra muita gente não é, podemos falar disso num próximo momento... 

Sempre com um sorriso no rosto, o Doutor mexia na minha barriga com aquela gosma gelada, enquanto eu via 2 manchas no monitor. Como aquela imagem predominantemente escura não diz muito pros leigos, achei que pudesse ser o meu outro ovário, um nódulo, o resto do café-da-manhã que, misteriosamente, tinha parado ali.  

O médico pediu pra eu me preparar pra outro exame, então saí da sala pra me trocar. Quando voltei, meu marido estava meio paralisado, o Doutor abriu mais a boca, quase numa gargalhada, e mostrou 2 dedos querendo dizer “ número 2” (não, ainda não era o cocô), duplo de dois, casal, double...mas dois o que????

Estava caindo a ficha, mas não, não podia ser. 

Voltei à posição ginecológica, quando escutei o pá-pá-pá do teclado do computador e o texto em cima da primeira mancha no monitor: “Feto 1”. A gente aprende na escola ou na vida que quando você escreve 1 é porque vem o 2, talvez 3 ou 4 na sequência... 

Congelei. Não tinha histórico em nenhuma das 2 famílias, não fiz tratamento, não...opa, o Doutor escreveu agora “Feto 2”. Jesuuuuuus! 

Quando Romeu nasceu, me senti naquela cena do filme “E o vento levou...”. Scarlett O’Hara vociferando a célebre frase “Jamais sentirei fome outra vez!”. Só que eu dizia: “Jamais terei filho outra vez!”. 

Passado 1 ano, ou menos que isso, a gente esquece de toda a parte ruim, olha para aquele serzinho que, inacreditavelmente, saiu de você mesma e pensa: “Como é maravilhoso ter um filho! Quero muito dar um irmãozinho a ele, é tão bom ter irmãos...”.  

Pois é, acho que foi essa a questão, eu pensei no plural, irmãos. 

Voltando ao Laboratório, saímos de lá estarrecidos, preocupados, cheios de insegurança e ansiedade. Ué, e aquela experiência toda que eu tinha com o primeiro filho? Com dois (duas, mas isso eu só saberia um pouco maistarde), tudo seria diferente: se eu quase não dormia com um, com dois eu seria uma zumbi nos primeiros 3 meses? Como caberiam 2 berços, 2 cadeirinhas, 2 tudo no quarto projetado para um? 

Ficamos um dia em estado de choque, sentindo muita, mas muita pena de nós mesmos. 

Hoje, após 1 ano do nascimento delas, tenho uma imagem na minha cabeça. Imaginem que os bebês, antes de serem concebidos, façam uma fila na Terra dos Pré-Embriões. Um quer morar na Índia e nascer num Ashram. O outro quer pertencer àquela família de sobrenome Silva e que faz questão de se reunir à mesa todas as noites. Alice, minha primeira filha (ela nasceu 5 minutos antes da segunda), já estava ali esperando por nós. Helena chegou correndo, esbaforida, com receio de que perderia a fila e não nos encontraria mais. Ela sabia que, se não fosse naquele momento, não iria mais pra família que escolheu. Balançou os braços como se quisesse dizer - “Esperem por mim!” – deu aquele salto de ninja voadora e, tchibum, mergulhou no meio da minha placenta e emitiu um chorinho doce de recém-nascido vitorioso, com muito orgulho de sua conquista. 

É inquestionável que, hoje, sou mãe de 3. É assim assim, uma benção, um pequeno milagre, o maior e mais verdadeiro clichê de todos os tempos: um amor incondicional.

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