Muitas mães têm dividido comigo suas histórias de parto, histórias lindas, histórias difíceis, histórias de superações, desabafos. Tem sido incrível conhecer essas histórias e ter essa troca.

É maravilhoso saber que não estamos sozinhas, que todas nós temos medos, expectativas e frustrações, mesmo com histórias tão diferentes.

Por isso resolvi abrir aqui no blog um espaço para essas histórias.

E a primeira história é de uma amiga querida que conheci no Instagram, quando nos falamos pelo insta ela ainda morava no Brasil. Hoje a Alitani, mora aqui em Santa Bárbara, Califórnia, na mesma cidade que eu moro e acabamos deixando de ser somente amigas virtuais, inclusive começamos uma parceria aqui no blog.

Acho que muitas mães vão se identificar com a história do parto dela. Ela sempre sonhou com o parto normal humanizado, mas a natureza fez ela ter que seguir outro caminho para ter seu bebê nos braços.

Boa leitura e se você também quiser dividir a sua história com a gente é só mandar o seu texto para fe@realfemachado.com


Antes de engravidar eu sempre desejei um parto humanizado. Nasci de parto normal.

Quando eu e meu marido decidimos ter um filho, junto a essa decisão, veio outra: iriamos encontrar uma equipe que fosse capaz de realizar os desejos dos nossos corações. E assim foi. 

Encontrei minha obstetra/ ginecologista, Dra. Thaíssa Tinoco Sassine, extremamente competente e defensora do parto humanizado. Antes mesmo da gravidez encontrei minha doula, Thais Ramos (Gesta Vida).

Um dia, chego do trabalho e ligo para doula, me identifico, e falo: não sou gestante, mas vou tentar engravidar em breve, quero fazer pilates contigo e preciso de você para ser minha doula. Você me aceita? ...

E assim começou minha paixão por essa profissional super competente.

Iniciei a tentativa depois de fazer todos os exames, e um mês depois a menstruação atrasa. Uau! Estava grávida, para susto e felicidade de todos. Não pensei que fosse tão rápido assim. 

Vou a médica, confirmado! Ligo pra doula, e ela me diz que por volta do terceiro mês poderíamos começar o pilates, e que teria disponibilidade para acompanhar meu parto.

Um sonho.

Minha gravidez foi uma delícia. Não senti enjôo, não tive desejos, não fiquei fragilizada, trabalhava normalmente, não tive intercorrências até a 37 semana, fazia pilates e era muito amada e paparicada por todos, o tempo todo. 

Minha barriga ficou linda. Enorme. Enorme. Enorme. Todos me perguntavam se estava grávida de gêmeos. E eu dizia que não, que meu menino era grande mesmo. 

A cada aula de pilates ficava mais feliz com meu desempenho, o bebê estava na posição cefálica e tudo ia bem demais. Eu tinha um pique invejável. Acredito ser por conta da enorme vontade de ter meu filho da forma mais natural possível.

Com 37 semanas eu e meu marido fizemos a aula de parto com nossa doula, uma aula gostosa, cheia de risadas, onde tiramos nossas dúvidas, treinei junto com meu marido como vocalizar, isso eu já fazia no pilates, pois encontrava com minha doula duas vezes por semana, comemos um bolo de chocolate maravilhoso e relaxamos. A partir dali, nosso filho poderia chegar, no tempo dele... estava tudo preparado para recebermos.

Com 37 semanas e alguns dias tive que sair de licença maternidade. 

Comecei a sentir muito desconforto... muito... de uma hora pra outra... minha visão começou a ficar embaçada e a claridade me deixava louca, sentia muita sensibilidade à luz; minha cabeça começou a doer muito e a nuca então, nem se fala; minhas pernas/pés e braços começaram a inchar a ponto de não conseguir usar mais calçado fechado; senti também fortes dores na barriga. Quem me conhece sabe que eu não reclamo de dor, e comecei a reclamar um pouco. Não estava relaxada...

Minha médica me monitorava o tempo todo e cuidava muito bem de mim. Tudo isso foi causado pela pressão que ficou alta demais. Entramos com medicação. Mas a pressão estava fugindo do nosso controle. Fiquei em casa, quietinha. Passamos pela 38ª semana. O bebê estava pesando mais de 4 quilos de acordo com a ultra. E estava bem. Mas eu estava desconfortável. Pensamos em aguardar até a 39ª semana e induzir. Mas não foi o que aconteceu...

Com exatas 39 semanas, sem entrar em trabalho de parto, sem tentar indução, fomos ao hospital e realizamos a cesariana.

A minha pressão estava descompensada, induzir poderia fazer com que ela subisse ainda mais nos momentos de dor, então conversamos com minha médica e graças a Deus realizamos a cesariana.

Digo graças a Deus pois fizemos a biópsia da placenta e lá verificamos que o procedimento foi muito acertado.

Considero a minha cesariana humanizada, apesar de ler que não existem cesarianas humanizadas. Meu coração diz que existe...

Entenda o motivo de afirmar que no meu coração existe: Cheguei no hospital com meu marido, meus pais, minha irmã e meu cunhado. Minha família foi para o apartamento onde eu ficaria com meu filho depois do nascimento, e meu marido foi comigo até a centro cirúrgico. Quando fui me vestir, meu marido foi a uma outra sala onde se encontrou com um grande amigo nosso, quase irmão, que participaria daquele momento pois é médico. 

Fui levada ao centro cirúrgico, minha médica conversou comigo, perguntou se eu estava bem, e eu estava. Estava me sentindo em paz.

Chegou o anestesista, conversou bastante e ainda brincou, falando que ele acreditava que o bebê teria uns 4.200 quilos pelo tamanho da barriga.

Logo após entrou meu marido e o nosso amigo que é médico, e dentro do centro cirúrgico tinha o restante da equipe. Tinha outra obstetra, pediatra, enfermeiros, etc.

Lembro como se fosse hoje do momento que a minha médica segurou na minha mão, fez um carinho e disse: " dói pra pegar a veia, né? Vou fazer um carinho, isso é um apoio moral." Quanta lindeza gente!!! Me sentia abraçada, beijada, amada...

A luz ficou baixa para mim, mas estava bem iluminado o campo onde eles iriam trabalhar. 

Me avisaram que iriam dar início aos procedimentos. E assim foi. Meu marido durante todo o tempo ficou do meu lado. Meu amigo médico também...

A minha médica ia me falando tudo. Disse que havíamos acertado, que era um menino gigante, cabeludo e lindo. Foi relatando tudo... me avisou quando ele ia nascer e então, pediu para que eu olhasse, pra ver ele chegando ao mundo, e assim foi. Com um choro super alto meu grande menino havia nascido. Ela enrolou ele em um pano verde, desses próprios de centro cirúrgico e me entregou (Detalhe que o ar condicionado neste momento não estava tão gelado, me dei conta disso depois, conversando com meu marido). A pediatra então se aproximou e minha médica disse: "está tudo bem, deixa ele com os pais". Ele ficou deitado no meu peito, a coisa mais linda do mundo, chorava ele, eu e meu marido...

Ficou ali por um tempinho. Minha médica então colocou ele no meu peito para tentar mamar e disse para pediatra que ele já iria com ela e meu marido. Ele lambeu um pouquinho mas não mamou... sentiu meu cheirinho e eu o dele... Assim foi...

Finalizado o procedimento, meu marido foi levando o nosso filho para tirar medidas, pesagem, etc e lá já estava minha família, que havia aguardado no apartamento e foi avisada pela enfermeira que o bebê estava descendo com o papai. Assim, meus familiares acompanharam tudo juntamente com meu marido.

Fui para o repouso com meu amigo médico que participou do parto até passar o efeito da anestesia.

Passado o efeito fui para o apartamento e lá encontrei minha família, marido e filho. Como havia pedido, não deram banho no meu filho naquele dia. De imediato as enfermeiras entraram e perguntaram se eu queria tentar amamentar ou esperar um pouco, disse que eu queria.

Havia combinado com minha doula que não seria necessário ela estar no centro cirúrgico pois meu marido e amigo/médico estariam lá. Minutos depois que cheguei no quarto, chega ela com um sorriso lindo, feliz, me ajudando a amamentar e ficando comigo pelas quatro horas seguintes.

Minha cesárea foi realizada por volta de 8:15 da manhã, as 14 horas eu estava tomando um banho sozinha, supervisionado por duas enfermeiras, essas ficaram o tempo todo dentro do banheiro comigo, mesmo me sentindo muito bem e forte.

Tivemos alta como manda o protocolo. Meu pós operatório foi maravilhoso, não sentia quase desconforto algum, o corte super pequeno, e a amamentação um sucesso; sucesso tão grande que meu filho amamenta até hoje, 2 anos e quase 4 meses em livre demanda. 

Fui respeitada durante todo o tempo. Me senti amada pela minha médica e agradeço a Deus até hoje pela forma que o meu filho veio ao mundo. Costumo dizer que eu não queria assim, mas Deus quis. E somente ELE sabe o que é o melhor em nossas vidas.

Continuo a amar o parto humanizado e defendo com unhas e dentes, mas sempre digo: uma cesárea com indicação, salva vidas. 

Busque informações, leia bastante e confie na sua equipe. Escolha com amor, corra atrás, assim, certamente vocês terão sucesso! Amo minha médica e amo minha doula, sem elas não teria um parto tão respeitoso, muito menos uma amamentação tão vitoriosa.

Meu filho nasceu com 4.060 kg e 53 cm.

Cheio de vida e saúde.

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